Ambos os três - a BD de Paulo J. Mendes
ilustração de Paulo Jorge para a 4ª edição do Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto (1988)
Nós, aqueles que sabemos que o J. de Paulo J. Mendes é o Jorge do Paulo Jorge que se iniciou para a BD no fanzine Comicarte e foi um dos colaboradores dos primeiros Salões de BD do Porto, não podíamos deixar de finalmente lhe dedicar uma exposição que se concretiza no próximo dia 15 de Março na Galeria de Ilustração e BD Mundo Fantasma (a partir das 16h00).
Vamos poder ver originais das três obras que o Paulo publicou neste seu regresso à BD: O Penteador, Elviro e O Atendimento Geral.
Mas, como não podia deixar de ser, vamos também mostrar um pouco do trabalho do Paulo Jorge nos anos 80 no Comicarte e no Düdü.
Paulo Jorge Mendes na Cronologia da BD Portuguesa
Paulo Jorge Mendes em Entrevista
Elviro - ilustração de Paulo J. Mendes
entrevista de Fernando Pau-Preto
Foi no dia 03 de março de 2025, que se realizou esta “conversa digital” com Paulo Jorge Mendes, autor de BD, e um dos voluntários iniciais deste projeto da Bedeteca. Recebeu o troféu para Melhor Álbum de Autor Português, no Amadora BD de 2023, e foi distinguido com o Prémio Jorge Magalhães de Argumento para BD, referente ao ano editorial de 2022, pela sua obra “Elviro”, entre outros.
Aos 16 anos, no início da década de 80, participas no fanzine da Comicarte onde colaboraste desde o primeiro número, com a estória “Presuntos para Hitler” e, no segundo número, até fazes a capa do fanzine. Conta-nos um pouco desses tempos?
Estava, creio, no 9º ano na Soares dos Reis e um amigo apresentou-me a um pequeno grupo de jovens bedéfilos que juntava esforços para editar um fanzine. Houve uma primeira reunião em casa de um deles, durante a qual foi encontrado o nome para o objecto, e a partir daí as coisas começaram a andar. Foram sobretudo tempos de apalpar terreno no que diz respeito à própria produção de histórias, uma vez que era um miúdo a dar os primeiros passos, e de gratificante crescimento e trabalho à medida que cada nova edição, melhorando de número para número, vinha para a rua e o próprio projecto crescia e se expandia para outras realizações.
E o envolvimento com a malta da Comissão de Jovens de Ramalde, que te leva a participar na organização dos Salões de BD do Porto, à criação da BDteca (agora Bedeteca), de que te recordas? Tens alguns episódios que queiras partilhar?
Houve algumas peripécias engraçadas como aquela em que, no âmbito do 1.º SIBDP, fui encarregado de ir esperar o Arlindo Fagundes que vinha de carro desde Braga e não nos conhecia, tendo eu que me posicionar na berma da estrada, às portas da cidade, de braço esticado com o nome dele numa tabuleta. Ou então, numa edição posterior do Salão, quando fiquei fechado toda a noite no Mercado Ferreira Borges porque, vencido pelo cansaço dos preparativos em véspera de abertura, tinha adormecido num canto, e toda a gente se foi embora sem dar por mim.
Outras terão ocorrido, porque a CJR era um colectivo onde predominavam o ânimo, a boa onda e sentido de humor, mas estes são, sem dúvida, os episódios que sempre recordarei e fariam revirar os olhos dos meus descendentes, se os tivesse, quando já velhinho os contasse pela enésima vez.
Por essas alturas, cocriaste o fanzine Düdü, com dimensão internacional até, pois saiu um número em galego, fala-nos desse projeto?
Surgiu com mais dois amigos no mítico "Vicobé", o café junto à escola Soares dos Reis onde toda a gente parava e onde eu e os outros dois cocriadores nos entretínhamos entre aulas, ou faltando às ditas, a criar uma - chamemos-lhe assim - história em jeito de "cadavre exquis" em que um continuava os disparates do outro e tudo acabava em grandes gargalhadas. O Düdü era a personagem principal e gozava com o Rambo, sendo a antítese do mesmo em termos de masculinidade. A transição das folhas quadriculadas de caderno escolar para as páginas destrambelhadas dum fanzine deu-se já no início dos 90s, quando já todos trabalhávamos. Saíram 4 números bastante procurados e aclamados, um deles em galego macarrónico só porque sim, e chegámos a ter um espaço no SIBD de 1991, o último em que participei, espaço esse que enfeitámos com um bidé entre outros bizarros adereços, e onde fritávamos croquetes e rissóis enquanto vários avisos advertiam os visitantes para a nossa manifesta antipatia.
Afinal, durante a tua adolescência, quais foram as tuas primeiras e mais marcantes leituras de BD, que te fizeram chegar até aqui?
Comecei com as leituras que todos fazíamos nesse tempo: Disney, Mundo de Aventuras, a constelação de títulos em pequenos formatos da Agência Portuguesa de Revistas, e depois os Franco-Belgas mais conhecidos, sendo o Spirou (do Franquin) o meu preferido.
Já na adolescência descobri a Visão, o Blueberry, o Moebius (que toda a gente queria ser quando fosse grande), o Bilal, o Comés, o Bourgeon cujo rigor histórico e crueza me fascinaram especialmente. Qualquer das revistas importadas, e eram muitas, que apanhássemos na altura era também fonte de descoberta e inspiração.
Ao largo, sem me despertar qualquer interesse, passou sempre o universo dos Comics americanos.
Por volta dos teus 26 anos, em 1991, arranjas emprego estável, primeiro ligado às listas telefónicas, e depois à azulejaria, isto no teu período de afastamento da BD. Mas lias BD? E deixaste mesmo de produzir BD?
No início da minha vida profissional ainda lia alguma BD e cheguei a trabalhar numas ideias para uma história específica, mas tudo se foi diluindo na voragem dos dias, no surgimento de outros interesses e, tendo eu nos 90's um emprego muito bem pago, no acomodamento resultante dum conforto e independência materiais como nunca mais voltei a ter e que não se traduziu necessariamente em equivalente teor de felicidade.
O reinício ocorre após começares a praticar o urban sketching, afinal o que é isso e quando é que começaste?
Urban Sketching é um termo recente (2007) para designar algo velho de séculos: O desenho de observação em cadernos, que muitos artistas praticaram ao longo da história.
Hoje em dia há um movimento e um colectivo de desenhadores à escala global, e uma estrutura organizada que congrega boa parte deles, organizando eventos e actividades por todo o mundo. É um grupo muito inclusivo, onde a experiência é partilhada entre todos e qualquer pessoa se pode juntar, algo que fiz a partir de 2014.
Mas acabou por ser a ligação do urban sketching para o teu retorno à BD?
Sim, de duas maneiras: Primeiro, pelo retomar da leitura através de livros emprestados por um sketcher bedéfilo; Depois, o retomar da prática deitando mão das ferramentas com que a intensa actividade de sketcher beneficia qualquer um: Destreza do traço, agilização da mente, poder de observação e, sobretudo, a capacidade de enfoque e concentração que permite começar uma coisa e levá-la até ao fim.
O formato de novela gráfica atraiu-te e lançaste-te numa desnovela gráfica, com o “Penteador,” lançado em 2020, pela “Escorpião Azul”, fala-nos de onde te veio o impulso?
Começou pelo ressurgimento do interesse no contexto acima descrito, e pela vontade de voltar a fazer qualquer coisa. E essa coisa, sendo um agregar de ideias soltas que por aqui andavam nas minhas gavetas mentais, adquiriu o formato de (des)novela por ser o que mais me interessava no momento e me pareceu o formato mais adequado para encaixar tudo.
A atmosfera e os ambientes exteriores do Penteador parecem ser baseados em linhas arquitetónicas de várias regiões a fundirem-se num único local, era essa a tua intenção?
Sim, há como que um cardápio do tipo de lugares e arquitecturas que fazem parte do meu imaginário, o qual é muito ancorado na memória visual de certos territórios do Norte de Portugal, seja em termos de paisagem ou de arquitectura, mas depois acrescido de elementos trazidos de outros territórios, com destaque para um deles muito bem delineado que inventei para mim mesmo, só existe na minha cabeça, e do qual só transpus ínfima parte.
Chegaste a pensar no uso da cor, ou desde o início queria fazer a preto e branco (P&B)?
Foi o P&B desde o início, com aqueles meios-tons obtidos com grafite aguarelável que andava morto por experimentar. Curiosamente, muitas pessoas pensam que o Penteador foi originalmente feito a cores e publicado a P&B por opção editorial...
Quanto à narrativa, pois também já recebeste um prémio de argumento. Apesar da copofonia, como costumas dizer, é muito nonsense, onde vais embalando o leitor no tema, mas sempre acrescentando mais alguma coisa, é essa a tua técnica narrativa?
Não foi uma coisa deliberada, começou a ganhar esses contornos à medida que ia concebendo a história, e achei que funcionava bem, dando alguma estrutura a todo esse nonsense.
Mas a cor chega com o “Elviro”, em 2022, foi por teres mais tempo disponível por causa da pandemia? A crítica foi unanime que se tratou de um grande salto qualitativo face ao livro anterior, voltando à utilização da cor, achas que também passou por aí o sucesso do livro?
Foi uma combinação de várias coisas: Já tinha uma história deste género em mente há algum tempo, e desde logo achei que cor aqui fazia todo o sentido, pelo ambiente descontraído e soalheiro, a toada "retro" ambientada em certos filmes da mesma época, e aquela combinação sempre divina de céu azulado e corpos na areia. A pandemia ajudou, claro, ao disponibilizar mais tempo que na verdade se prolongou bem para além da dita, mas havia também alguma curiosidade de experimentar o trabalho com cores. Se o salto qualitativo a que te referes passou por aí, é coisa que não sei dizer, mas acredito que possa ter ajudado.
Quais eram as tuas expetativas, quando o livro foi lançado e o que mudou na tua vida?
Estava inseguro, era o segundo livro havendo por isso um termo de comparação com o livro anterior, para não falar de que contém nudez e humor picante, uma estreia para mim e algo que receei que fosse complicado nestes tempos de retrocesso pudibundo. Não sabia bem o que esperar... Correu tudo bem, ganhou uns quantos prémios e alavancou a procura pelos meus trabalhos. Não sei se mudou a minha vida, mas já me proporcionou bons momentos entre convívios, exposições e eventos de BD, e quando algo nos traz mais alegrias do que chatices já não nos podemos queixar demasiado.
Saltamos para a tua última obra publicada em 2024, o “Atendimento Geral”, trata-se de uma obra bastante mais extensa com 272 páginas, com os extras. Quanto tempo demoraste ?
O "Atendimento" terá demorado cerca de quinze meses entre os primeiros cinco para esboços e storyboard, e os restantes para a versão definitiva.
O registo de novela gráfica parece assentar-te que nem uma luva, mas chegaste a pensar em dividir em dois tomos em vez de apenas um?
Essa hipótese chegou a estar em cima da mesa, mas somente como "plano B" caso algo acontecesse e eu não conseguisse entregar o livro inteiro dentro do calendário previsto.
Em termos narrativos, o humor das obras antecedentes mantém-se e digamos que a estória se desenvolve numa mescla de situações, algumas completamente inusitadas, com personagens divertidíssimas, mas desta vez vais mais longe em termo de sátira social, concordas?
Não podia deixar de ser, tratando-se de uma história que decorre numa vila completamente estragada pelo desordenamento urbanístico à imagem do que acontece em todos os recantos do nosso desgraçado país, e sendo eu alguém que todos os dias observa e se horroriza com tais situações.
O “Penteador” foi a P&B, mas sombras, seguiu-se o “Elviro” a cores e depois com o “Atendimento Geral”, em que regressas ao P&B, mas com uma linha bastante mais clara e limpa. Achas que o teu “traço” está a mudar/evoluir? Foi algo propositado, ou queres mesmo abordar outras técnicas?
Foi o resultado de uma busca por um traço que seja o mais eficiente possível e me dê prazer, porque gosto de trabalhar depressa. Até ao momento, e sem prejuízo de um dia voltar a algum dos registos anteriores, a técnica do “Atendimento Geral" foi a que melhor serviu esses propósitos, embora ciente do muito que ainda tenho para aperfeiçoar.
Tenho uma pergunta encomendada pela minha mulher, que são os nomes para as tuas personagens, muito bizarros, mas encantadores, como o Conde Van Animalz, Mafaldo Lamparim, Nascilindo, Gasolinda, Elviro Bolacho, Prendrelico, Nektarina, Jaclina, Parretas; Atunésio, Arrozinho, Lombinhos, mas onde é que vais buscar estes nomes?
Um pouco de tudo: Troca de sexo de alguns nomes, outros que me vêm à cabeça de repente, jogos de palavras, etc. Não há uma maneira fixa ou um método. E no meio disto, alguns nomes existem mesmo!
Finalmente, podes levantar um pouco a ponta do véu e dizer-nos no que estás a trabalhar? Tema, P&B ou cores, para quando o lançamento?
Estou com dois projectos em mãos: Um é uma história curta, de cinco pranchas a cores, com argumento do Hugo Pinto, para um livro a publicar por uma IPSS que será uma antologia com vários autores e que, pela temática, está nos antípodas de tudo o que fiz até hoje. Creio que irá sair ainda este ano, lá mais para o fim.
Num plano mais pessoal, estou a preparar outro para a Escorpião, que será um livro de histórias curtas a preto-e-branco: Cinco destas estão já em storyboard e queria ainda alinhavar pelo menos outras tantas. Lá chegaremos. Não há data prevista para o lançamento porque ainda tenho muita estrada pela frente, e pelo caminho também preciso de ir fazendo outros trabalhos que ajudem a pagar as contas.
Uma visita da Bolívia - a segunda exposição do dia
as ofertas de BD Boliviana para a Bedeteca
A Ariana Garron é uma estudante boliviana que se encontra em Portugal a fazer um mestrado en Design de Imagem na Universidade do Porto. Aqui há uns meses apareceu na Bedeteca a propor um trabalho de divulgação da BD do seu pais - totalmente desconhecida por cá- que agora se concretiza numa pequena exposição documental (concebida e desenvolvida por ela) que vai estar disponível na montra da Bedeteca.
E, pelas 18h00 teremos uma conversa com ela sobre a BD Boliviana. O ponto de partida está explanado no texto que publicamos a seguir.
A banda desenhada boliviana: Uma cena resiliente em constante evolução
prancha de Andréz Montano
A banda desenhada boliviana consolidou-se como uma forma de expressão artística vibrante e diversificada. Embora tenha enfrentado desafios relacionados com a autoedição, a resiliência dos seus autores permitiu que a BD na Bolívia transcendesse fronteiras e se posicionasse como um segmento valioso dentro da narrativa gráfica latino-americana.
Clubes e revistas
A partir de 1998, na cidade de La Paz, surgiram o Club del Cómic e o Club Radical, coletivos dedicados à importação, leitura e distribuição de banda desenhada. A sua existência marcou um ponto de partida para a divulgação do meio e a criação de publicações próprias.
A década de 90 assistiu ao nascimento de revistas como Aplausos e Bang! que impulsionaram a produção local. Bang! em particular, desempenhou um papel fundamental na difusão da banda desenhada boliviana, pois permitiu que novos artistas publicassem o seu trabalho num meio impresso de alcance nacional e, sobretudo, mostrou aos fãs de quadrinhos que na Bolívia também se produzia banda desenhada. Antes destas revistas, a produção nacional – especialmente nos anos 60 e 70 – havia deixado de circular.
Viñetas con Altura
Um dos eventos mais importantes na história da banda desenhada boliviana foi a criação do festival Viñetas con Altura em 2003. Fundado por Marina Corro, Rafael Barbán e Francisco Leñero, este festival conseguiu consolidar-se como um dos encontros mais relevantes de quadrinhos na América do Sul. Durante vários anos, e graças ao apoio de diversas embaixadas, do Governo Municipal de La Paz e da Fundação Simón I. Patiño, reuniu artistas locais e internacionais, promoveu oficinas e exposições, e incentivou o estabelecimento de redes de colaboração com festivais e editoras estrangeiras.
Graças ao Viñetas con Altura, a produção foi incentivada e os artistas tiveram a oportunidade de conhecer autores de diversos países. No entanto, ao longo do tempo, o festival enfrentou dificuldades organizacionais e falta de apoio institucional, o que levou ao seu desaparecimento. Atualmente, surge um novo festival, criado pela Associação Boliviana de Criadores de Banda Desenhada, com o apoio do Centro Cultural de Espanha em La Paz. Chama-se Viñetas Rotas, teve a sua primeira edição em 2024 e pretende revitalizar o movimento dos autores de BD com atividades semelhantes.
prancha de Joaquín Cuevas com argumento de Alejandro Barrientos
Diversificação da banda desenhada boliviana
O crescimento da banda desenhada boliviana reflete-se na diversificação dos seus temas e formatos. Se, no início, as bandas desenhadas estavam mais influenciadas por temáticas clássicas, hoje existe uma ampla gama de géneros que vão desde a fantasia e a ficção científica até ao terror e às narrativas históricas. A produção tornou-se mais heterogénea e reflete tanto influências estrangeiras como tradições e mitologias locais.
O desafio da documentação
Apesar da sua riqueza e evolução, a banda desenhada boliviana continua a carecer de uma documentação adequada. Ao contrário de outros países da região, a Bolívia não dispõe de uma bibliografia extensa sobre a história dos seus quadrinhos. A maioria das pesquisas são fragmentadas e dependem dos esforços individuais de artistas, académicos e gestores culturais.
Em 2016, a publicação Bolivia Lenguajes Gráficos representou um registo do desenvolvimento das artes visuais no país, incluindo um capítulo sobre a banda desenhada. No entanto, ainda falta uma obra abrangente que documente, de forma detalhada, a evolução do meio. Além disso, a falta de reedições de títulos-chave dificulta o acesso a obras fundamentais para compreender a trajetória da banda desenhada boliviana.
O panorama atual
Projetos como Gokongo procuram consolidar um repositório digital de bandas desenhadas bolivianas, facilitando o acesso às novas gerações de leitores.
A falta de apoio estatal e a ausência de políticas culturais que incentivem a produção limitam o crescimento do setor. No entanto, o compromisso dos artistas e a resposta do público demonstram que a banda desenhada boliviana é uma arte em constante evolução, com um enorme potencial por explorar.
O desenvolvimento de editoras especializadas, como Pseudogente e Casa N.100, a publicação por editoras bolivianas consolidadas, como El Cuervo e 3600, a formação de novos talentos e a profissionalização da indústria são fatores-chave para o futuro dos quadrinhos na Bolívia.
Atualmente, existem dezenas de autores e centenas de publicações. Com uma maior organização e acesso a financiamento, a banda desenhada boliviana poderia alcançar uma maior projeção internacional e consolidar-se como uma referência na região.
Ariana Rossel Garron
Madriz - uma peça do nosso acervo
Madriz #12 capa de Fernando Vicente.
Há coisas que se tornam míticas. A Madriz revista de banda desenhada madrilena, existente entre 1984 e 1987 e genuíno produto da movida da capital espanhola, é seguramente uma delas.
Antes de mais porque para nós aqui, distantes dessa dinâmica, a revista era conhecida, mas nunca acessível. Era apenas um eco de uma realidade a que não tínhamos acesso (não tinha distribuição fora de Espanha e no fim da sua carreira, a sua difusão ficou mesmo pela sua cidade).
Mas também pelo facto desta ter sido editada e fortemente apoiada pelo Ayuntamiento madrileno através da sua Concejalia de la Juventude, o que quer dizer que, em plenos anos 80, um conselho da Juventude de uma Câmara Municipal investiu num projecto de Banda Desenhada de jovens autores. E isto apesar de algumas polémicas que atravessaram a sua história, ou não fosse a revista um produto fervilhante de inovação e irreverência.
Dirigida de facto (segundo as crónicas) pelo argumentista Felipe Hernández Cáva, publicou autores tão conhecidos como os Carlos Giménez e Juan Jiménez, mas também Ana Miralles, Federico del Barrio ou Keko, entre muitos outros.
Os seus trinta e três números estarão brevemente disponíveis para consulta na Bedeteca.
Horário
A Bedeteca está aberta de Quarta a Sábado, das 15h00 às 19h00. Visitem-nos
Até ao próximo Boletim!